sábado, 27 de agosto de 2016

Tema: Globalização (2)

Para a maioria das pessoas, o conceito de globalização, em tese, diz que estaríamos caminhando para um mundo sem fronteiras com mercados de capitais, informações, tecnologias, bens, serviços, etc. e para um sistema econômico mundial dominado por “forças de mercado incontroláveis”.
A globalização é apresentada como um fenômeno irreversível sobre o qual não se pode intervir ou exercer influência. O papel dos Estados nacionais é aqui descrito como extremamente diminuído, senão anulado.
Considera-se que a atual aceleração do processo de globalização vá além do processo de internacionalização da economia, uma vez que envolve a interpenetração da atividade econômica e das economias nacionais em nível global.

São dois os principais elementos catalisadores do processo de globalização no final do milênio: a adesão de um grande número de países a políticas de cunho neoliberal, atribuindo ao mercado a prerrogativa de promover sua auto regulação; e a ampla difusão das tecnologias de informação e comunicação, as quais proveram os meios técnicos que possibilitaram a ruptura radical na extensão e velocidade dos contatos e de trocas de informações possíveis entre diferentes indíviduos.
Credita-se aos avanços nas tecnologias de informação e comunicação a possibilidade de realização conjunta e de coordenação de atividades de pesquisa e desenvolvimento por participantes localizados em diferentes países do mundo, permitindo tanto a integração das mesmas em escala mundial, como a difusão rápida e eficiente das tecnologias e conhecimentos gerados. Por um lado, porque tais avanços supostamente possibilitam uma mais fácil, barata e, portanto, intensa transferência dessas informações e conhecimentos. Por outro lado, porque a difusão das novas tecnologias viria permitir e promover a intensificação das possibilidades de codificação dos conhecimentos, aproximando-os de uma mercadoria passível de ser apropriada, armazenada, memorizada, transacionada e transferida, além de poder ser reutilizada, reproduzida e licenciada ou vendida indefinidamente e a custos crescentemente mais reduzidos.
A partir da década de 1970, vem ocorrendo a sedimentação uma nova dinâmica tecnológica internacional, esta associada à microeletrônica. 
Atualmente vem ocorrendo um acirramento da concorrência entre os agentes econômicos, simultaneamente ao fato de que o conhecimento científico e tecnológico vem ocupando um papel absolutamente central nas suas estratégias competitivas. O acesso a uma ampla base de informações e conhecimentos científicos e tecnológicos, que se constituía numa vantagem no passado, tornou-se uma necessidade fundamental no presente.
Essas transformações vêm-se manifestando, entre outros desenvolvimentos, na transmissão de dados à velocidade da luz, no recurso aos satélites de telecomunicações, na revolução da telefonia, na difusão da informática na maioria dos setores da produção e dos serviços e na miniaturização dos computadores e sua conexão em redes à escala planetária. Tais avanços vêm permitindo uma expansão dos contatos e de trocas de informações entre os agentes, além de viabilizarem do ponto de vista global a rápida comunicação, processamento, armazenamento e transmissão de informações a custos decrescentes.
A internacionalização já progride há mais de meio milênio, e o mundo atual é seu produto. A globalização pretende ser uma mudança qualitativa da internacionalização, na medida em que grandes processos em comunicação e transporte aproximaram ainda mais todos os povos no sentido material e cultural. Outro fator da globalização é o fato de ter prolongado o período de paz que se segue à Segunda Guerra Mundial. A ausência de novos conflitos tão abrangentes foi decisiva para que a internacionalização pudesse dar o salto qualitativo à globalização.
Entretanto, do ponto de vista político e econômico, a globalização tem sido um processo um tanto quanto negativo. Pois, na medida em que a importação acrescida toma o lugar duma produção nacional "menos competitiva", sem que tenha sido criada, no plano político-institucional, qualquer instância responsável pela defesa do interesse nacional ou pela definição dum itinerário para a redivisão internacional do trabalho que garanta uma repartição equânime dos benefícios e custos entre todos os países envolvidos na globalização acarreta na derrubada uma barreira.
Os entusiastas da globalização apontam o tempo todo os ganhos omitidos pela remoção dos obstáculos políticos às transações internacionais, e é teoricamente justificável supor que haja tais ganhos econômicos O que esses entusiastas não discutem é quem usufrui dos benefícios e quem arca com os custos. No país que abriu seu mercado interno, os beneficiários supostos são consumidores que ganham acesso a produtos importados mais baratos e/ou de melhor qualidade. Os que arcam com os custos são os empresários que perdem mercado e trabalhadores que perdem empregos. Como empresários e trabalhadores também são consumidores, é possível afirmar que "todos" ganham uma qualidade e perdem na outra. O que não é bem verdade, pois os trabalhadores que ficam desempregados deixam de ser consumidores.
Para os liberais, esse é um falso problema, pois se essa tese liberal tivesse sido vitoriosa desde o século passado até hoje, atualmente a Grã-Bretanha seria a única potência industrial do globo. Por boas razões, não foi assim, e as nações que hoje mais se empenham em promover a globalização negativa - com os Estados Unidos à frente - recorreram sistematicamente ao protecionismo e ao controle do movimento internacional de capitais. Atualmente, a demanda efetiva dentro de cada país é parcialmente controlada pelas autoridades econômicas, particularmente pela autoridade monetária, que controla a oferta de moeda. A globalização negativa tem introduzido, nos últimos 23 anos, taxas medíocres de crescimento econômico e níveis excepcionais de desemprego.
Para grande parte da humanidade a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades como se instalam e velhas doenças retornam. A mortalidade infantil permanece. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Todas essas mazelas são, direta ou indiretamente, consequências do processo de globalização.
Essa globalização tem de ser encarada a partir de dois processos paralelos. De um lado, dá-se a produção de uma materialidade, ou seja, das condições materiais que nos cercam e que são a base da produção econômica, dos transportes e das comunicações. De outro há a produção de novas relações sociais entre países, classes e pessoas. A nova situação, conforme já acentuamos, vai se alicerçar em duas colunas centrais. Uma tem como base o dinheiro e a outra se funda na informação. Dentro de cada país, sobretudo entre os mais pobres, informação e dinheiro mundializados acabam por se impor como algo autônomo face à sociedade e, mesmo, à economia, tornando-se um elemento fundamental da produção, e ao mesmo tempo da geopolítica, isto é, das relações entre países e dentro de cada nação. O mundo se torna fluido, graças à informação, mas também ao dinheiro. Todos os contextos se intrometem e superpõem, corporificando um contexto global, no qual as fronteiras se tornam porosas para o dinheiro e para a informação. Além disso, o território deixa de ter fronteiras rígidas, o que leva ao enfraquecimento e à mudança de natureza dos Estados nacionais.
A velocidade não é um bem que permita uma distribuição generalizada, e as disparidades no seu uso garantem a exacerbação das desigualdades.
As populações envolvidas no processo de exclusão assim fortalecido acabam por relacionar suas carências e vicissitudes ao conjunto de novidades que as atingem. Uma tomada de consciência torna-se possível ali mesmo onde o fenômeno da escassez é mais sensível. Por isso, a compreensão do que se está passando chega com clareza crescente aos pobres e aos países pobres, cada vez mais numerosos e carentes. Daí o repúdio às idéias e às práticas políticas que fundamentam o processo socioeconômico atual e a demanda, cada vez mais pressurosa, de novas soluções. Estas não mais seriam centradas no dinheiro, como na atual fase da globalização, para encontrar no próprio homem a base e o motor da construção de um novo mundo.
O período atual tem como uma das bases esse casamento entre ciência e técnica, essa tecnociência, cujo uso é condicionado pelo mercado. Por conseguinte, trata-se de uma técnica e de uma ciência seletivas. Como, freqüentemente, a ciência passa a produzir aquilo que interessa ao mercado, e não à humanidade em geral, o progresso técnico e científico não é sempre um progresso moral. Pior, talvez, do que isso: a ausência desse progresso moral e tudo o que é feito a partir dessa ausência vai pesar fortemente sobre o modelo de construção histórica dominante no último quartel do século XX.
Tecno-globalismo em sua essência, trata-se de um processo que vem ocorrendo essencialmente entre os países mais desenvolvidos, ampliando assim uma desigualdade, já em evidência, entre eles e o países emergentes.
Há um verdadeiro retrocesso quanto à noção de bem público e de solidariedade, do qual é emblemático o encolhimento das funções sociais e políticas do Estado com a ampliação da pobreza e os crescentes agravos à soberania, enquanto se amplia o papel político das empresas na regulação da vida social. 
Para acompanhar as rápidas mudanças em curso, torna-se de extrema relevância a aquisição de novas capacitações e conhecimentos, o que significa intensificar a capacidade de indivíduos, empresas, países e regiões de aprender e transformar esse aprendizado em fator de competitividade para os mesmos.
Apesar de muitos considerarem, atualmente, que o processo de globalização e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação permitem a fácil transferência de conhecimento, observa-se que, ao contrário dessa tese, apenas informações e alguns conhecimentos podem ser facilmente transferíveis. Elementos cruciais do conhecimento, implícitos nas práticas de pesquisa, desenvolvimento e produção, não são facilmente transferíveis espacialmente, pois estão enraizados em pessoas, organizações e locais específicos.
Existem dois tipos de inovação: a radical e a incremental. Pode-se entender a inovação radical como o desenvolvimento e introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova. Esse tipo de inovação pode representar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior, originando novas indústrias, setores e mercados. Também significam redução de custos e aumento de qualidade em produtos já existentes. Algumas importantes inovações radicais, que causaram impacto na economia e na sociedade como um todo e alteraram para sempre o perfil da economia mundial, podem ser lembradas, como, por exemplo, a introdução da máquina a vapor, no final do século XVIII, ou o desenvolvimento da microeletrônica, a partir da década de 1950.
As inovações de caráter incremental, referindo-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na estrutura industrial. Inúmeros são os exemplos de inovações incrementais, muitas delas imperceptíveis para o consumidor, podendo gerar crescimento da eficiência técnica, aumento da produtividade, redução de custos, aumento de qualidade e mudanças que possibilitem a ampliação das aplicações de um produto ou processo. A otimização de processos de produção, o design de produtos ou a diminuição na utilização de materiais e componentes na produção de um bem podem ser considerados inovações incrementais.
Combinados, tanto os conhecimentos adquiridos com os avanços na pesquisa científica, quanto as necessidades oriundas do mercado levam a inovações em produtos e processos e a mudanças na base tecnológica e organizacional de uma empresa, setor ou país, que podem se dar tanto de forma radical como incremental.
Longe de ser linear, o processo inovativo se caracteriza por ser descontínuo e irregular, com concentração de surtos de inovação, os quais vão influenciar diferentemente os diversos setores da economia. 


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Referências:

Equipe:
Fernanda Azzoni Torezin
Isabella Nobre Motori
Luiza Palhares
Vinícius Pichelli Ueda 

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